O estudo prospectivo de oitenta pacientes com hérnia inguinal indireta primária teve como objetivo determinar as possíveis vantagens e desvantagens do uso do saco herniário próprio como um reforço adicional da fáscia transversal e do anel interno, no reparo cirúrgico da hérnia inguinal indireta, num período de acompanhamento de 24 meses após a operação. Todos os pacientes eram do sexo masculino, na faixa etária de 18 a 65 anos, com o diâmetro do anel inguinal variando de 1,0cm a 3,5cm, correspondente ao tipo 2 da classificação de Nyhus para hérnias ínguino-femorais. Foram divididos em dois grupos de quarenta cada e operados pelo mesmo cirurgião, de março de 1993 a março de 1995. No grupo A, o reforço parietal posterior foi feito pela sutura do arco do transverso ao ligamento iliopúbico. No grupo B, acrescentou-se o saco herniário próprio, aberto e livre, fixado sobre o citado reforço às estruturas músculo-aponeuróticas do triângulo inguinal. A preparação e sutura do saco herniário foi de fácil execução, acrescentando um tempo médio de nove minutos à operação. Na comparação entre os grupos A e B, os testes estatísticos demonstraram não haver diferença significativa entre as médias de idade, peso, altura e de diâmetro do anel inguinal interno. As complicações pós-operatórias foram semelhantes nos dois grupos, sendo estas de fácil resolução. A diferença na recidiva precoce de dois casos (5%) no grupo A para um caso (2,5%) no grupo B não é estatisticamente significativa. No exame histopatológico dos sacos herniários, verificou-se que suas paredes constituem-se de tecido conjuntivo, vasos sangüíneos, células adiposas e, em 25% dos casos, de fibras musculares lisas. Na reoperação do paciente número 12, do grupo B, observou-se que o saco herniário suturado, há 19 meses na região inguinal, apresentava-se como uma camada espessa e resistente, firmemente aderida à fáscia transversal. A proposta de utilização do saco herniário, como um reforço da hérnia inguinal, mostrou-se um recurso de fácil e rápida execução, com custo operacional baixo, não expondo o paciente ao aumento do número de complicações.
This prospective study reports 80 repairs of inguinal indirect hernias of groin. All patients were men, 18-65 years old, with internal inguinal ring ranging from 1cm to 3.5cm in diameter, corresponding to type 2 in Nyhus'classification of inguinal- femoral hernias. The objective was to investigate the probable advantages of using the hernial sac as an additional reinforcement, together with the usual, of posterior wall of the inguinal canal. The internal ring was encircled by a sling from the hernial sac graft. The patients were divided into two groups. In both groups, the statistical texts showed no siginificant diferences between averages of age, weight and height of the patients and between diameter of infernal ring. In the group A, the reinforcement was made by means of the iliopubic tract repair. In the group B, the hernial sac was applied as a reinforcing patch. the graft would then fit snugly against the cord to form a new internal ring. This technique is easy and spends, in average, nine minutes. Hernial sac is a tissue constituted predominantly of conjunctive fibers, fatty cels, blood vessels and straight muscular fibers until 25% of the cases. In the only patient who underwent reoperation, the graft was found to be transformed into a thick fibrous tissue barrier at the floor of the inguinal canal. After a 24-month follow-up, the author concluded that hernioplasty using the hernial sac in repair of inguinal indirect hernia offers a simplified, rapid and inexpensive solution. In addition, the operative means do not cause increase of post-operative complications.